Nascido como manifestação de resistência e ocupação da cidade, o carnaval de rua de Belo Horizonte teve como berço a Praça da Estação no início dos anos 2010. O local foi palco do enfrentamento popular ao decreto municipal que proibia eventos na praça. Na ocasião, algumas dezenas de foliões atenderam ao chamado nas redes sociais para o que foi batizado, espirituosamente, de Praia de Estação.

Carnaval do Povo
Os idealizadores insistiram na ocupação que virou um movimento e atraiu centenas de pessoas para brincar carnaval, curtir o cimento da praça e enfrentar a repressão do então prefeito. Do movimento da Praia surgiram hinos, personagens, ideias de expansão e boas práticas que ainda são a base de muitos blocos que se apresentam anualmente na cidade.
A partir daí surgiram núcleos independentes e a proliferação de blocos seguiu uma crescente exponencial. Muitos se profissionalizaram e assumiram desafios antes inimagináveis para uma cidade tão avessa ao carnaval. Blocos que transportavam sonorização em bicicletas e carrinhos de supermercado, hoje arrastam uma multidão em cima de trios elétricos. A cidade provou um potencial gigantesco em torno de uma festa que, em essência, tem um grande protagonista: a música.

Carnaval de Milhões
Mais de uma década depois, o carnaval de Belo Horizonte representa em 2024 uma das principais folias do país. Esperando a participação de aproximadamente 5,5 milhões de pessoas, segundo dados da prefeitura, as ruas da cidade serão tomadas por centenas de blocos e trios elétricos, viabilizados (ou não) por um aporte financeiro sem precedentes.
Uma aposta dos blocos que cresceu este ano foi o convite à participação de artistas locais nos trios que acabam atraindo também um contingente de fãs. Além de reforçar a identidade dos blocos, a iniciativa enriquece a experiência dos foliões por estabelecer uma conexão entre o público e seus ídolos.

Há ainda um número crescente de artistas abrindo alas com blocos próprios. A prática demonstra a capacidade do carnaval em criar pontes e unir pessoas através da música, atestando a diversidade de estilos e potencial da festa. É o caso de Graveola e Lamparina que sobem juntos em um trio elétrico, pela primeira vez, com o objetivo de levar trabalhos aclamados pelo público à grande folia da cidade e de reforçar a presença de artistas autorais no Carnaval.
“A gente está muito ansioso para viver essa experiência. Preparamos um espetáculo especial para o momento e acho que é uma ótima oportunidade da gente ver a música autoral da nossa cidade no Carnaval, em que domina a música cover", comenta Zélu, vocalista da banda Graveola.
O Phono mapeou e vai atualizar em tempo real as participações em cortejos e iniciativas inéditas que levam para as ruas da cidade artistas da cena autoral em 2024.
Ainda dá tempo de colar na maioria delas. Confira!
AGENDA DE PARTICIPAÇÕES
Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro
Quem Participa: FBC, Julia Rocha, Juliana Shiutz, Fran Januario
Quando: 04/02, domingo, 13h
Local: Av. Amazonas com Rua Alvarenga Peixoto
Chama o Síndico
Quem Participa: Augusta Barna, Juliana Shiutz, Mac Júlia
Quando: 07/02, quarta-feira, 18h
Local: Av. Afonso Pena
Bloco da Calixto - Super Fantástico
Quem Participa: Aline Calixto
Quando: 10/02, 14h
Local: Av. Getúlio Vargas, 792, 14h

Trio Tropical: Bloco Lixo Polifônico + Bloco Original Brasil
Quem Participa: Graveola, Lamparina, Letícia Fialho, Sérgio Pererê, Nath Rodrigues, Maíra Baldaia e Laura Catarina.
Quando: 11/02, domingo, 8h
Local: Av. Assis Chateaubriand (esquina com Rua Sapucaí)
Festa de Encerramento do Bloco da Insanidade
Quem Participa: PJ (Jota Quest) and Friends, Daniel Bravo e André Porto
Quando: 11/02, domingo, 14h
Local: Distritral
Lagum na Avenida
Quem Participa: Lagum
Quando: 11/02, domingo, 7h
Local: Rua Sergipe, 939 (esquina com Cristóvão Colombo)
Pena de Pavão de Krishna
Quem Participa: Augusta Barna, Coral, Déa Trancoso, Seh Muss Onirika, Dona Eliza e Fran Januario
Quando: 11/02, domingo
Local: Av. José Cândido da Silveira (em frente ao Parque da Matinha)
Bloco do Odilara
Quem Participa: Giselle Couto, André Miglio, Michelle Andreazzi
Quando: 13/02, terça-feira
Local: Rua Mármore, 179, 9h
Post atualizado em 9 de fevereiro
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