Com carreira iniciada nos anos 90 o Falcatrua é um dos maiores patrimônios da música independente produzida nas Minas Gerais.
Desde o lançamento do primeiro disco, Álbum de Família, o grupo capitaneado por André Miglio e Danilo Jovem faz de seu trabalho uma miscelânea de sons e referências que resultam em algo único e original. Com seis discos lançados e dois DVDs, a banda hoje é um quarteto formado pelos já citados André (vocais) e Danilo (baixo), além de Cesco Napoli (guitarra) e Fred Drums (bateria).
Agora o grupo acaba de lançar Duvide, disco full produzido pela banda e mixado por Antoine Midani. Em Duvide o grupo se reinventa ao apostar em novas camadas sonoras ligadas à música eletrônica, ritmos brasileiros e ao rock numa ótica dançante.
Liricamente, as letras vão de encontro à contemporaneidade, retratando de forma instigante o quotidiano, ora com um olhar mordaz ("Joaquim José"), ora de modo singelo ("Sair Passear").
Em entrevista, o grupo fala sobre a longevidade, a influência da cidade de Beagá no fazer artístico da banda, as intenções alimentadas com o público a partir do novo disco, a nova turnê, o rock nos dias atuais, planos futuros e muito mais. Confira!
Phono: Direta ou indiretamente, pensar na trajetória do Falcatrua é pensar na cena independente de Beagá. Com mais de 20 anos de estrada qual é o principal fator que faz com que o grupo siga na ativa por tanto tempo?
Além da amizade, um desejo de contribuir com o nosso tempo por meio da arte. Uma vontade de tocar junto impulsionada pelo sentimento de ter o que dizer.
Phono: Acredita-se que a arte seja fruto do meio o qual ela foi criada. Qual o papel que a cidade de Belo Horizonte exerce na banda?
Belo Horizonte é a casa do Falcatrua. Uma banda que nasceu e se projetou a partir desta cidade. Quantas vezes não chegamos em cidades do interior de Minas e nosso nome tinha entre parênteses: Belo Horizonte! Uma identificação que nos fez homenagear essa cidade com o nosso mais recente videoclipe dirigido pro Rodrigo Piteco: “Joaquim José (Até Quando?)” que tem imagens aéreas incríveis de nossa cidade e que a revelam de ângulos pouco vistos até mesmo por quem mora aqui.
Phono: Em "Duvide" percebe-se que as letras buscam estabelecer um diálogo direto com a contemporaneidade ao tratar temas que remetem aos nossos tempos. Quais são as intenções que vocês alimentam com a público a partir do novo disco?
No decorrer dos anos, vimos que o público que se identifica com o nosso trabalho ou está nos acompanhando desde os primeiros álbuns ou são pessoas que se interessam por ler a realidade de um modo um tanto sagaz, que gostam de metáforas sutis e que também gostam de música. Dizer de nosso tempo a partir de nossa perspectiva geracional é uma oportunidade que não poderíamos perder!
Phono: A discografia do grupo é composta por seis álbuns e dois DVDs. Com uma nova turnê a caminho espera-se que o novo repertório ganhe destaque, mas que também haja espaço para canções de discos anteriores. Como têm sido os ensaios? O que o público pode esperar para os próximos shows?
Vamos tocas as dez faixas do novo disco, além das músicas mais conhecidas, aquelas que não podem faltar em um show do Falcatrua. O público pode contar com músicas como “Homem.com”, “O que você vê aí” e “Pedras Rolando”.
Phono: Gostaria que vocês falassem também sobre a mudança de nome, já que agora atendem carinhosamente por Falca, apelido este dado pelos fãs do grupo. A que se deve esse "rebranding" da marca?
Primeiramente quem começou a nos chamar de Falca foram nossos amigos, depois os fãs. Só aí, que a gente começou a falar, “ Falca pra lá, Falca pra cá”. De repente, tudo virou Falca!
Quando o João Gabriel nos apresentou o conceito dos bonecos, percebemos que era o momento de aplicar o Falca e tudo funcionou dentro do conceito de Duvide.
Phono: Esteticamente, o grupo associada sua sonoridade a diversos gêneros musicais, mas tem o rock como principal força motriz. Diferente de outrora em que havia uma atenção midiática ao gênero, hoje vejo que o cenário é outro, vide o pouco espaço que bandas do gênero encontram. Isso faz com que o exercício de criar um novo público seja ainda mais dificultoso. Como vocês vêm esse momento? Isso é algo que incomoda ou interfere no modus operandi da banda?
Sinceramente, a gente não se importa tanto. A gente faz o som que a gente gosta! Obviamente, viemos de uma época mais “roqueira”. Porém, o “rock” do Falca não é o “rocão 4/4”, com uma estrutura refrão, refrão e estrofe. No Duvide há músicas em [compassos] 3/4, 6/8 e 7/4, esse tipo de coisa que achamos divertido e acreditamos prender a atenção do ouvinte. E as letras, se vc olhar mais profundamente, tem algo ali sendo dito, além de “meninos precisam de meninas” que é o mais comum numa canção do gênero.
Phono: Com disco novo na praça quais são os planos futuros?
O plano é circular com este disco por festivais e, no ano que vem, fazer uma turnê de despedida com um espetáculo Falcatrua orquestrado. Isso é um furo hein! Já estamos escrevendo projetos junto ao maestro Leonardo Cunha, da Orquestra Opus, e vamos realizar um sonho para encerrar o ciclo desta banda que marcou a vida de muita gente, principalmente as nossas!
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