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Festival Música Quente faz barulho no Deputamadre

A Quente é uma produtora cultural que celebra em 2024 onze anos de história. Com um olhar atento a novas tendências, nesse ínterim a Quente se tornou referência nacional ao colocar Belo Horizonte no mapa. Seja através da realização de shows ou promovendo ciclos de atividades voltadas ao universo da música, a exemplo do Sonâncias realizado ano passado, a produtora sempre figura na agenda com eventos relevantes.


Fotos: Alexandre Biciati

Como forma de celebração de sua trajetória, a Quente promoveu no Deputamadre Club, o festival Música Quente. A escolha pelo espaço foi uma decisão acertada, pois permitiu ao bom público presente a oportunidade de visitar um dos espaços mais importantes da cidade.


Crash


Num exercício exímio de curadoria, a edição reuniu um time diversificado de artistas das alas nacional e internacional. A primeira artista a pisar no palco foi Juçara Marçal. Acompanhada por Kiko Dinucci, Marcelo Cabral e Alana Ananias, a cantora fez um dos grandes shows da noite.


Foto: Luciano Viana

O setlist, como esperado, foi baseado no repertório presente em seu disco mais recente (o elogiado Delta Estácio Blues), trabalho que ao vivo soa ainda mais interessante, graças ao fato de que as canções ganham ares ainda mais graves e pesados, que resultam numa performance eletrizante. Faixas como "Crash", "Oi, Cat" e "Ladra" foram algumas que contaram com participação efetiva do público.



Força Bruta


Na sequência foi a vez de Deaf Kids e do Test tocarem de forma sequenciada. Por mais que ambas tenham propostas musicais diferentes, suas respectivas sonoridades são pautadas pelo peso e o experimentalismo. Essencialmente, o som do Deaf Kids aposta em bases eletrônica pesadas e bateria e percussão pulsantes. Tal aposta resultou numa apresentação hipnotizante.



Sem tempo para respirar o Test veio na sequência promovendo o que lhe é peculiar: o caos sonoro. Tendo o grindcore como referência musical, o duo formado por João Kombi (guitarra) e Barata (bateria) fez uma apresentação ensurdecedora, no bom sentido da palavra. O setlist passou por diversas fases da banda, mas deu atenção especial a Disco Normal, trabalho mais recente que rendeu também um elogiado documentário sobre o processo de composição e gravação. O longa, inclusive, ganhou exibição em BH graças à própria Quente.



The Metal East


Por fim, os norte-americanos do Lightning Bolt foram os responsáveis por encerraram a noite e o fizeram em grande estilo, numa apresentação em que o jazz experimental, o punk/hardcore e o noise conviveram em plena harmonia, resultando num show que ganhou ares históricos.



O abragente set perpassou por diversas fases do duo, mas priorizando canções presentes em Fantasy Empire, registro que agradou em cheio a crítica especializada. De lá, vieram faixas como "The Metal East", que abriu a apresentação, "Over the River and Through the Woods" e "Horsepower" que provocaram momentos de catarse coletiva, com direito a rodas de mosh e stage dive.



Conclusão


Juçara Marçal, Dead Kids, Test e Lightning Bolt são bons exemplos de artistas que fazem de seus respectivos fazeres artísticos algo desafiador para o ouvinte comum. É igualmente interessante (e louvável) observar in loco que esse tipo de "música estranha" tem público cativo na cidade que compareceu em bom número no Deputamadre.




Avaliação Final


A Quente é um dos melhores exemplos nacionais de que é possível romper com fórmulas prontas para a realização de eventos. Em tempos em que curadores de festivais, de forma geral, optam por não se arriscar, a produtora mostra que a ousadia também enche casa. Trazer para BH artistas relevantes e fora da curva é muito bem-vindo e é exatamente por isso que a produtora é admirada.

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