O retorno triunfante do Mudhoney à BH
- 28 de mar.
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Em 2001, o Mudhoney desembarcava em Belo Horizonte para uma apresentação histórica. À época, o rock ainda ocupava um espaço de protagonismo na cultura pop, e ver uma das bandas seminais do grunge em ação era um evento de peso. Hoje, 24 anos depois, os tempos são outros – o rock perdeu o holofote para outros gêneros e as grandes turnês internacionais se tornaram cada vez mais raras na capital mineira. Mas alheios a tudo isso, Mark Arm e companhia seguem firmes, sem concessões, mantendo viva a essência punk que sempre norteou sua trajetória.
Diferente de muitos de seus pares da cena de Seattle, que pautam seus shows quase exclusivamente em hits do passado, o Mudhoney se mantém criativo e inquieto. No palco, a banda equilibra com naturalidade os clássicos de outrora com as faixas de seu mais recente álbum, Plastic Eternity (2023). E o que poderia parecer uma aposta arriscada funciona plenamente ao vivo – canções novas como “Almost Everything” e “Cascades of Crap” se integram sem esforço ao repertório explosivo que inclui pedradas como “Touch Me I’m Sick” e “Suck You Dry”.
A apresentação proporcionou uma viagem abrangente pela discografia da banda, resgatando faixas marcantes de álbuns como o EP Superfuzz Bigmuff (1988), Every Good Boy Deserves Fudge (1991), Piece of Cake (1992), e My Brother the Cow (1995), além, claro, de seu trabalho mais recente. A combinação de canções clássicas e novidades reforça o caráter atemporal da banda, que se recusa a viver apenas do passado.

Mesmo com o passar dos anos, a formação atual do Mudhoney – composta por Mark Arm (vocal e guitarra), Steve Turner (guitarra), Guy Maddison (baixo) e Dan Peters (bateria) – segue mantendo viva a energia e a urgência dos primórdios. A química entre os integrantes, construída ao longo de décadas, é evidente no palco e reflete o compromisso da banda com sua autenticidade.
No fim das contas, o retorno do Mudhoney a Belo Horizonte não é apenas uma celebração da nostalgia, mas uma reafirmação da vitalidade de uma banda que nunca se acomodou. O grunge pode ter sido um movimento de um tempo específico, mas a urgência e o espírito do Mudhoney seguem atemporais.
Se em 2001 a produtora Motor Music foi a responsável por trazer o Mudhoney a BH, hoje cabe à Quente manter essa chama acesa. Mais do que apenas viabilizar um show, a produtora segue expandindo o legado da Motor ao garantir que a cidade continue no mapa das turnês internacionais, trazendo nomes que fazem sentido para um público que ainda valoriza a experiência do rock ao vivo.
A saudosa produtora Fernanda Azevedo que nos deixou de forma precoce ano passado, foi corresponsável pela vinda do grupo em 2001 há de estar sorrindo, de orelha a orelha, após a noite memorável.
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