A trajetória do Pato Fu e sua ligação com o público de Belo Horizonte é talvez a mais sui generis de toda a geração do pop rock mineiro que tomou conta do Brasil a partir do início dos anos 1990. Com exceção de alguns poucos momentos, como sua histórica apresentação no Rock In Rio de 2001, a banda sempre se manteve à margem desse mainstream gigantesco, transitando com facilidade por diferentes cenas e alcançando o que quase nenhum artista consegue: respaldo de crítica e de diferentes públicos. É uma banda que agrada diferentes classes sociais, espectros de idade e amantes de música.
Sendo assim, conseguem fazer shows em estádios e outros pequenos como este, dentro do Festival Meu Vizinho Pardini, na Praça da Assembléia, em Belo Horizonte, gratuito, alcançando um público tão diferente e eclético quanto o som que fazem. Ao comemorar seus 30 anos, o Pato Fu prova que atingiu a tão sonhada maturidade musical, arriscando e jogando na defesa quando querem, avançando casas e recuando quando precisam, sem precisar provar mais nada para ninguém.
Ainda sem estrear o novo show propriamente dito, comemorativo dos 30 anos de carreira, a banda preparou um espetáculo recheado de hits, momentos singelos e outros até mesmos surpreendentes, pinçando canções de seu repertório que normalmente não são executadas ao vivo - como “Água", do disco Tem Mas Acabou - para agradar exatamente ao público diverso que ali estava. No palco, Fernanda Takai, John Ulhoa, Ricardo Koctus, Richard Neves e Xande Tamietti fizeram uma espécie de apanhado de sua carreira, num show que, nas palavras de Fernanda, era o primeiro do “Pato Fu puro” em Belo Horizonte depois de muito tempo, descontando aí os shows com o projeto “Música de Brinquedo”.
Entre os destaques, além de “Água”, duas novas canções: “A besta” (apresentada por Ricardo como “uma canção em homenagem à maior besta que esse país já produziu”). e “Fique onde eu possa te ver”, de 30, seu novo disco, recém-lançado. Outros bons momentos do show foram “Spoc”, “Porque te vas” e “Vida de operário”, canções que nem sempre fazem parte do repertório dos shows da banda, mas que sempre são bastante exaltadas pelos fãs. E, se é um show do Pato Fu, não podem faltar “Sobre o tempo”, “Ando meio desligado”, “Perdendo Dentes”, “Canção pra você viver mais”, “Depois”, “Eu sei” e “Eu”, além da dobradinha “Made In Japan/Capetão 66.6 FM”, e Fernanda encarnando o capiroto, com direito a chifres, óculos escuros e iluminação vermelha. Um daqueles momentos que a gente já conhece, sabe que vai acontecer, mas todas as vezes em que ele acontece, abrimos um sorriso na cara.
Poucas bandas conseguem chegar aos 30 anos de idade. O Pato Fu não só conseguiu, como a dignidade que marca este momento da carreira do quinteto é invejável. Da cena underground de Belo Horizonte para o mundo, a banda parece estar mais relaxada, ciente de seu papel na cena pop e pronta para os próximos 30 anos de conexão com um universo cada vez mais amplo de pessoas.
SETLIST
Hino nacional do Pato Fu
Porque te vas
Sobre o tempo
Spoc
Menti pra você, mas foi sem querer
Ando meio desligado
O filho predileto do Rajneesh
Água
Perdendo dentes
A Besta
Made in Japan / Capetão 66.6 FM
Canção para você viver mais
Antes que seja tarde
Simplicidade
Por perto
Fique onde eu possa te ver
Eu sei
Depois
BIS:
Vida de operário
Eu
CONFIRA UM TRECHO DE "PORQUE TE VAS" E "CANÇÃO PRA VOCÊ VIVER MAIS":
Fotos e videos: Rodrigo James
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